sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ESPELHO DA ARTE


ESPELHO DA ARTE – A Atriz e Seu Tempo é a exposição que está no Centro Cultural dos Correios no Rio de Janeiro, em homenagem aos 50 anos de carreira da atriz Regina Duarte.
A exposição é em ordem cronológica, dividida por décadas e mostrada através de cenários que reproduzem os ambientes internos de uma casa, representando os lares dos brasileiros que acompanharam a trajetória da atriz e fazem referência aos estúdios de televisão. Uma linha do tempo conduz os visitantes por sete ambientes da exposição e relaciona os principais trabalhos de Regina com fatos históricos ocorridos no Brasil e no mundo.
Participante de 35 novelas, sendo em 3 delas a Helena, de Manoel Carlos (História de Amor, Por Amor e Páginas da Vida), 13 filmes, 5 séries de TV e 11 peças de teatro, estando atualmente atuando e dirigindo Raimunda, Raimunda. Regina estreou na TV Excelsior, na novela A Deusa Vencida e recebeu em 2011 o troféu Mario Lago, no Programa Domingão do Faustão, pelo Conjunto da Obra.
Regina é a atriz que obteve o maior índice de audiência no Ibope ao longo da carreira, quando alcançou 100 pontos no capítulo 152 de Selva de Pedra, em 1971, onde sua personagem foi desmascarada.
Apesar de ser famosa, para Regina a fama não interfere em sua rotina diária e diz que “faz coisas que todo mundo faz” e que ir a praia com os netos é coisa que gosta muito de fazer, mas fotos com fãs, só da cintura prá cima...
Viúva Porcina talvez seja o personagem mais famoso de Regina, mas é por Waldete, da novela Três Irmãs, que a atriz diz ter um carinho especial, apesar das pessoas não se lembrarem muito desse trabalho.
A atriz que ficou conhecida como a “namoradinha do Brasil” por seu papel na novela Minha Doce Namorada, em 1971, diz que hoje, se tivesse vinte anos, odiaria carregar esse título, apesar de saber do carinho dispensado pelos fãs e acha que nos dias de hoje, nenhuma atriz receberia esse título, pois os tempos mudaram.
Em fevereiro de 2012, Edison Eduardo e Marcia Elizei lançaram Crônicas para uma Rainha, livro de contos com temas variados , em homenagem ao aniversário de 65 anos de Regina.







Publicado no jornal O DEBATE RIO DAS OSTRAS em 06/09/2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CASA 9


Em 2011, Luiz Carlos Lacerda lançou CASA 9, um documentário contando a história de um lugar mítico, que nos anos de 1970 foi a morada de artistas de teatro, cinema, músicos e poetas.
Numa vila de 12 casas em Botafogo, construída em 1940 por Artur Araripe, avô do escritor Paulo Coelho, para viver com a família, a Casa 9 se tornou um espaço propício à criação.
Vários moradores da casa contam histórias que os levaram a esse lugar e as lembranças que contrastam de um lugar iluminista e libertário com a barra de viver no regime militar que oprimia o Brasil na época.
Começou com Jards Macalé morando na parte superior da casa e Luiz Carlos, no térreo. Foi ali que Macalé em parceria com Wally Salomão compôs Vapor Barato, sucesso de Gal Costa. Também como morador da casa 9,  Macalé compôs as trilhas sonoras dos filmes Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos, tendo participado dos dois filmes como ator.
Na casa 9, durante a festa de 15 anos de um morador da vila, Gal Costa mostrou, pela primeira vez no Brasil, a gravação de London  London, de Caetano Veloso, que estava fora do país por ser um perseguido pela ditadura.
Xico Chaves, artista plástico, exilado político do Chile com todos os amigos desaparecidos, encontrou a escritora Ana Miranda na casa 9 e diz que esse era um dos “points” onde se exercia a liberdade quase absoluta.
Foi no tempo que viveu na casa 9, na parte superior, que Sonia Braga viveu Gabriela, de Jorge Amado e treinava suas falas com um menino de 11 anos, morador da vila.
Foram muitos os moradores da Casa 9, Scarlett Moon e Lulu Santos, Ana Maria Magalhães, Os Dzi Croquetes, Rosa Nepomuceno, Eduardo Mascarenhas, Glauber Rocha, Helio Oiticicca, Odete Lara, Sonia Braga, Arduíno Colasanti, Vera Barreto Leite, Gal Costa, Chico Cesar e vários freqüentadores, que aproveitavam pra visitar os amigos, Wally e Jorge Salomão, Gilberto Gil, Clarice Lispector, Cacá Diegues, Lula Queiroga e outros.
O cineasta Fábio Barreto foi morador da vila e nesta época fez um curta-metragem sobre Garrincha, que também visitou os amigos. A esposa de Fábio conta que fez uma feijoada para receber o jogador e usou a louça emprestada de Luiz Carlos para servir o almoço.
Quando veio para o Rio de Janeiro, o cantor Lenine morou na casa 9, junto com Ivan Santos e Alex Madureira. No documentário Lenine diz que a casa 9 era a “Faixa de Gaza” de todos os “paraíbas” que vinham para a cidade.
Lenine conta que um tapume roubado das obras do Metrô foi usado como mesa de ping pong pelo pessoal que morava na vila.
Luiz Carlos filmou em 1979 O Princípio do Prazer e usou a casa como atelier para as costureiras do filme.
A idéia do documentário aconteceu por conta de uma fuga do trânsito pesado, quando Luiz Carlos ia para sua casa no Jardim Botânico e se viu parado na entrada da vila de tantas lembranças.
Hoje, na Casa 9, moram duas produtoras de cinema e um músico, mas Luiz diz que a casa é a testemunha de uma festa que não termina.














Publicado no jornal O DEBATE RIO DAS OSTRAS em 01/09/2012

ZUENIR VENTURA


Lançado na FLIP 2012, SAGRADA FAMÌLIA de Zuenir Ventura informa que na história do livro “Só dez por cento é mentira. O resto é invenção”, embaralhando ficção e realidade, romance e reportagem, imaginação e memória. “São lembranças que transformei em história. Em determinado momento, já nem sabia mais o que era fato real”, diz o autor.
A história é contada na fictícia cidade de Florida, na região serrana do Rio de Janeiro, nos anos de 1940, e o autor se inspirou em momentos vividos por ele em Friburgo e em pessoas da sua própria família, tendo como pano de fundo a II Guerra Mundial e a Ditadura do Estado Novo, comandada por Getúlio Vargas.  Segundo Zuenir, o assunto do livro é o mesmo que obcecava Lucio Cardoso e Nelson Rodrigues, pois os primeiros desastres na vida acontecem na família.
Zuenir foi um dos fundadores do Viva Rio, uma ONG dedicada a projetos sociais e campanhas anti- violência, criada após as chacinas da Candelária e de Vigário Geral. A experiência de conviver com os moradores da favela de Vigário Geral por nove meses resultou no livro Cidade Partida – Um retrato das Causas da Violência no Rio de Janeiro, vencedor do Prêmio Jabuti na categoria reportagem em 1995. O livro foi traduzido para o italiano com o título de Viva Rio.
Com oitenta e um  anos de idade, Zuenir  foi preso em 1968 (era considerado subversivo) com pessoas influentes como Helio Pellegrino e Ziraldo, Geraldo Mello Mourão e Osvaldo Peralva. Sua libertação se deu com o aval de Nelson Rodrigues, que conseguiu junto aos militares a liberdade de Helio Pellegrino, mas o amigo condicionou sua saída à do companheiro de cela. No mesmo ano escreveu 12 reportagens intituladas Os Anos 60 – A Década que mudou tudo, que foi transformada no livro  1968 – O ano que não terminou e que inspirou a minissérie Anos Rebeldes.
Em 1977, como chefe da sucursal da Revista Veja, recebeu o Prêmio Esso pela reportagem sobre a morte de Claudia Lessin Rodrigues, com os jornalistas Valério Mainel e Amigucci Gallo. Esse foi o primeiro crime relacionado ao uso de drogas com repercussão em todo o país.
No livro Inveja – Mal Secreto,  Zuenir conta sua luta e sua vitória contra um câncer em fase inicial que o surpreendeu em 1988. Escreveu ainda Chico Mendes: Crime e Castigo, a biografia do seringueiro, ambientalista e considerado o herói das florestas. A série de reportagens que deu origem ao livro recebeu o Prêmio Esso de jornalismo e o Wladimir Herzog, de direitos humanos.
São oito livros publicados e várias crônicas escritas para revistas e jornais durante mais de quarenta anos de jornalismo.
Casado com Mary Akierztein, Zuenir tem dois filhos, o jornalista Mauro Ventura e Elisa. Ultimamente seu passatempo predileto é brincar com a neta Alice, filha de Mauro, de dois anos de idade e diz:
- Amor de neto não tem igual, e, além de tudo, a Alice me ensina a lidar com o iPad, porque sou incompetente nessa área.






Publicado no jornal O DEBATE RIO DAS OSTRAS  em 24/08/2012