sábado, 26 de maio de 2012

Mazzaropi




 Vários livros foram publicados contando a trajetória do homem que, por duas, décadas foi o responsável pelo sucesso do cinema nacional.
Nascido em São Paulo em 09 de abril de 1912, Amácio Mazzaropi aos 14 anos de idade começou sua carreira no Circo La Paz, no teatro estreou com a peça “A Herança do Padre João” em 1932, depois da Revolução Constitucionalista que agitou São Paulo.
Em 1935, o Pavilhão Mazzaropi, um barracão que era montado e desmontado estreou em Jundiaí – SP, onde foi construído e andou por todo o interior do estado de São Paulo durante oito anos. Em todas as cidades onde havia estação de trem, houve apresentação da Companhia de Teatro de Emergência, nome que recebeu a companhia de teatro do artista, pois o trem era o único meio que o pavilhão podia ser transportado.
Em 1946, foi contratado pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro para trabalhar no programa “Rancho Alegre” sob a direção de Cassiano Gabus Mendes. Quatro anos depois, o programa estreou na televisão.
Em 1952, foi convidado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz para fazer seu primeiro filme “Sai da Frente”, que também é o título do livro escrito por Marcela Batista de Matos.
Após trabalhar em outras companhias de cinema, comprou com recursos próprios uma fazenda em Taubaté – SP em 1958 e montou a Produções Amácio Mazzaropi – PAM Filmes. Construiu um estúdio cinematográfico, uma oficina cenográfica e um hotel para atores e técnicos.
 A partir daí, trabalhando como ator, produtor, diretor e distribuidor, criou uma indústria cinematográfica brasileira independente, sucesso de bilheteria e sem subsídios do governo.
Inspirado no personagem Jeca Tatu, um caipira criado por Monteiro Lobato, conquistou a maior bilheteria do cinema nacional.
De 1961 a 1983 produziu 24 longas metragens, 18 deles estão entre os mais assistidos do cinema brasileiro, seis são recordistas de público.
Ao todo foram 32 filmes que contavam histórias abordando o racismo, a religião, a política e até a ecologia, falando a língua que o povo entendia com facilidade.
A elite intelectual considerava seus filmes superficiais, mas Mazzaropi deixou uma marca na cultura nacional. Seus filmes ainda atraem público no interior do país.
Mazzaropi morreu em 1981, vítima de um câncer de medula óssea e foi enterrado em Pindamonhangaba, cidade vizinha a Taubaté, mesmo local onde foram enterrados seus pais, sem concluir seu 33º filme, Jeca e a Maria Tomba Homem.
Na fazenda onde era o estúdio de cinema, hoje funciona o Hotel Fazenda Mazzaropi, reconhecido como um dos melhores em sua categoria. Seus proprietários buscaram preservar todo o acervo disponível do artista e, em 1992, fundaram o Instituto Mazzaropi e o Museu Mazzaropi, que mantém uma exposição interativa e permanente – Mazzaropi, para a felicidade do Brasil.

Em 2002, o Instituto Mazzaropi produziu o documentário “Mazzaropi - O Cineasta das Platéias, A vida e a Obra do Cineasta Brasileiro mais bem sucedido de todos os tempos”, com depoimentos de artistas, historiadores, intelectuais e um trecho da última apresentação de Mazzaropi na televisão, no programa Hebe Camargo.
O filme Tapete Vermelho, de Luiz Alberto Pereira, é a mais bela homenagem feita pelo cinema a Mazzaropi. Quinzinho (Matheus Nachtergaele) mora em uma roça bem distante de qualquer cidade grande. Decidido a cumprir uma promessa, ele decide levar seu filho Neco (Vinícius Miranda), de nove anos, para assistir a um filme estrelado por Mazzaropi em uma sala de cinema, assim como fez seu pai quando era garoto.
A comemoração do centenário de Mazzaropi teve várias programações em Pindamonhangaba, em Taubaté e no I Festival Internacional de Cinema de Campos do Jordão, o caipira mais querido do cinema nacional será o grande homenageado.




 Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 25/05/2012

           
            

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mamonas Assassinas


Há 17 anos surgiu na música brasileira um grupo que revolucionou a maneira de falar do povo, inclusive das crianças. Numa época em que falar palavrões era coisa feia, a música dos Mamonas Assassinas mudou o hábito das pessoas,  pois se cantavam suas músicas e nelas o palavrão era uma constante. Criadores de letras debochadas, todas as músicas do CD foram sucesso e, até nos dias de hoje, são lembradas e cantadas por quem nem era nascido naquela época.
A banda começou efetivamente cinco anos antes com o nome de Utopia. Dinho, o vocalista, foi o último a fazer parte do grupo.
Suas músicas eram brincadeiras que eles transformavam em rock. Tocavam sertanejo, forró ou reggae, mas com uma base sólida de rock.
As primeiras músicas foram MINA e DEMERVAL, O MACHÃO, que quando gravadas se tornaram “Pelados em Santos” e “Robocop Gay”.
O filho de João Augusto de Macedo Soares, vice-presidente da EMI, foi quem ouviu a demo do grupo e fez uma cópia e distribuiu aos amigos. No condomínio onde moravam e no colégio Bahiense da Barra da Tijuca onde estudavam, era só gritar: “Mina” e ouvia-se toda a galera completar “Seus cabelo é da hora...”
Contratados pela EMI, eles compuseram outras músicas, todas no mesmo estilo debochado e foram fazer a mixagem do disco em Los Angeles. Cansados com o trabalho de mixagem, passavam o dia jogando fliperama. Dinho pediu uma moeda a João e jogava o dia inteiro só com os bônus que faturava. A cada recorde a máquina registrava o nome dele, que está lá até hoje. Ninguém conseguiu superá-lo.
O sucesso chegou. Foram 182 shows em 190 dias de norte a sul do país. O disco foi lançado em junho de 1995, mas só a partir de julho com a música “Vira” tocando nos rádios, as pessoas passaram a perceber o grupo. Eles se tornaram um dos maiores fenômenos da indústria fonográfica brasileira – foi o álbum de estreia que mais vendeu em todos os tempos no Brasil (mais de dois milhões de cópias). Foi também o único disco que mais vendeu em um só dia. Foram vendidas 25 mil cópias em 12 horas. Manteve durante o mês a média de 10 mil cópias vendidas por dia. Foram vendidos mais de 2.468.830 cópias, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) em pouco mais de quatro meses.
Mas o destino mudou a vida dos cinco mamonas. No dia 02 de março de 1996, o avião em que viajavam caiu na Serra da Cantareira e todos eles morreram no acidente. A comoção causada foi comparada a da morte de Ayrton Senna.
A Rede Globo apresentou em 2008, o especial Por Toda a Minha Vida, mostrando a trajetória do grupo, que foi transformado em DVD. Claudio Kahns fez o documentário Mamonas.doc, e existe um projeto para um longa-metragem contando a vida do grupo do anonimato ao auge da carreira. Eduardo Bueno escreveu Blá Blá Blá – Uma Biografia Autorizada, onde pais, mães, irmãos, amigos, namoradas, companheiros de estrada, empresários, todas as pessoas que foram importantes na vida dos Mamonas Assassinas deram longos depoimentos , poucos meses após a morte do grupo.
Até hoje, 16 anos após a morte do grupo, não surgiu ninguém que tivesse a espontaneidade, o deboche e a graça em cantar as músicas que são cantadas pela legião de fãs que eles fizeram em tão pouco tempo de vida artística.



Publicado no jornal O Debate Rio das Ostras em 18/05/2012

sábado, 12 de maio de 2012

Lucinha Araujo


Quando a gente tem um sonho, por mais difícil ou inatingível que ele possa ser, sempre encontra motivos para lutar. Imbuída desse espírito, Lucinha Araujo transformou a dor da perda de seu único filho em luta pelas crianças portadoras do vírus da Aids.
Após a morte de Cazuza aos trinta e dois anos em 1990, Lucinha criou uma ONG que recebeu o nome de um show realizado na Praça da Apoteose – VIVA CAZUZA, onde vários amigos do cantor se reuniram para homenageá-lo.
O livro O TEMPO NÃO PÁRA encerra a trilogia que teve início com SÓ AS MÃES SÃO FELIZES e PRECISO DIZER QUE TE AMO.
O primeiro livro lançado em 1997, uma biografia do cantor, vendeu mais de cem mil exemplares e foi transformado em filme sob a direção de Sandra Werneck e foi o filme brasileiro mais assistido em 2004.
Preciso Dizer que te Amo lançado em 2001, reúne letras, poesias e fotos de Cazuza. A obra do artista é mostrada em ordem cronológica e com a relação de todos os artistas que gravaram suas músicas. Codinome Beija flor teve mais de vinte gravações por diferentes cantores da música popular brasileira, da música sertaneja ao samba, e foi gravada em versão instrumental por Richard Claydermann. A música teve ainda uma versão italiana chamada “Soprennome Colibri”.
Em O tempo não Pára, Lucinha conta suas atividades na Sociedade Viva Cazuza. A casa onde vivem as crianças, em Laranjeiras, foi cedida pelo então prefeito Cesar Maia e durante esse tempo que existe, já abrigou setenta e cinco crianças soropositivas, três delas vieram a óbito em decorrência da doença e duas foram adotadas, sendo que uma já teve a carga viral negativada. Além das crianças existe o Projeto de Adesão ao Tratamento para cento e quarenta pacientes adultos.
No livro, Lucinha conta a história de vida de várias crianças que são atendidas pela ONG (todas são citadas com nomes fictícios).
Uma criança da ONG teve seu ingresso numa escola particular negado após ter feito todos os testes e passado. O preconceito surgiu quando, no ato da matrícula, o pagamento foi feito com um cheque da Viva Cazuza. Foi feita uma queixa na polícia, a notícia foi publicada nos jornais, veiculada na TV e o Juizado de Menores foi notificado. A escola voltou atrás e resolveu aceitar a aluna, mas a oferta foi recusada por medo que a criança sofresse alguma represália.
Depois do acontecido, em 2000, foi aprovada uma lei da deputada estadual Solange Amaral, que previa pena (uma multa no valor de cinco a dez mil UFIR’s, duplicada em caso de reincidência), para quem praticasse atos preconceituosos contra portadores de HIV no estado do Rio de Janeiro. Em contrapartida, uma senhora ao ver as crianças da ONG brincando numa praça, perguntou se a entidade recebia crianças que não fossem soropositivas. A felicidade estava estampada no rosto de cada uma delas.
A Sociedade Viva Cazuza trouxe a Lucinha Araujo razões para seguir em frente depois de perder o filho. Foi chamada de “mãe coragem”, mas rejeita o título.
Durante esse tempo de existência da ONG, Lucinha salvou crianças de várias idades, mas ela diz que foram as crianças que a salvaram, pois em cada mãozinha, em cada sorriso, em cada brincadeira ela vê uma continuidade de Cazuza.









Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 11/05/2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Solar da Fossa


Já imaginou um lugar onde viveram jovens que sonhavam modestamente e hoje são cantores, atores, jornalistas, escritores famosos? Um lugar perfeito para todos que passaram por ali  e que vive na lembrança,  como o espaço onde a liberdade de expressão, a criatividade, o engajamento político e a amizade conviviam harmoniosamente em plena ditadura militar?
Esse lugar existiu. Era um casarão na Rua Lauro Muller, em Botafogo, onde hoje é um dos templos do consumismo - o Shopping Rio Sul.
De 1964 a 1971, a pensão Santa Terezinha, antiga sede da Chácara do Vigário Geral, abrigou em  85 apartamentos a futura vida cultural brasileira.
Os primeiros moradores chamavam de Solar e o carnavalesco Fernando Pamplona batizou com o nome Solar da Fossa quando foi morar lá após sua separação. Mas a tristeza durou pouco, o Solar o curou.
Fossa era sinônimo de engajamento, preocupação com o futuro do mundo e também tristeza por um amor perdido ou não correspondido.
O ator Mauro Mendonça (já famoso na época) passou 20 dias de sua vida no Solar até resolver alguns problemas familiares.
Muitos foram atraídos para o Solar pelo aluguel barato, pela proximidade com Copacabana e pelo desejo de independência  e liberdade.
Passaram pelo Solar Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Tim Maia, Paulo Coelho, Abel Silva, Carlos Imperial, Gutemberg Guarabira, Ismael Silva, Suely Costa, Tania Scher, Luis Carlos Sá, Zé Rodrix, Jards Macalé, Zé Keti, Toquinho, Moreira Franco, Claudio Marzo, Roberto Talma, Chico Buarque, Betty Faria, Paulinho da Viola, Antonio Pitanga, Naná Vasconcelos, Maria Gladys, Torquato Neto, Adelzon Alves,  Kleber Santos, Aderbal Freire Filho, Ruy Castro, Guerra Peixe, Paulo Leminsky, Capinam, Fábio, José Wilker, Cristovam Buarque, Ronaldo Bastos,  Glauber Rocha, Robertinho Silva, Antonio Pedro, Luis Carlos Lacerda (Bigode), Hyldon, Ítala Nandi, Darlene Gloria, Franco Scornavacca, Paulo Diniz e outros, e outros.
Calcula-se, entre moradores efetivos, temporários e visitantes assíduos cerca de mil pessoas passaram pelo Solar nesse período.
No filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, na cena em que um helicóptero sai do Túnel Novo,  vê-se ao lado direito o prédio do Solar, uma imagem rara.
Luis Carlos Lacerda (Bigode) usou as dependências do Solar como locação no filme Máscara da Traição, com Tarcísio Meira, Glória Menezes e Claudio Marzo.
Toninho Vaz, um dos freqüentadores do Solar, lançou em 2011, o livro Solar da Fossa, Um Território de Liberdade, Impertinência, Idéias e Ousadias onde conta a história de todo o pessoal que passou por lá e como vivem nos dias de hoje.
É um livro para matar as saudades de um tempo onde os sonhos eram possíveis.





Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 09/03/2012



              

Dorival Caymmi


Considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, Dorival Caymmi completaria 98 anos, se vivo fosse, no dia 30 de abril.

Autor de sucessos como Marina, Dora, Maracangalha, Copacabana, Saudade da Bahia, Rainha do Mar, Caymmi compôs, de acordo com o Dicionário Cravo Albim, cento e doze  músicas, sendo vinte e seis delas em parceria com João de Barro, Danilo Caymmi, Manuel Bandeira e outros.

Saiu da Bahia aos 23 anos e veio para o Rio de Janeiro para cursar direito e trabalhar como jornalista.

O sucesso veio quando uma empresa de cinema substituiu a música No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso pela música O que é que a baiana tem?, de Caymmi, como tema para o filme "Banana da Terra". Foi um impulso para a carreira de Caymmi e a consagração de Carmem Miranda no cenário internacional.

Com o sucesso da música, Caymmi assinou seu primeiro contrato com a gravadora  Odeon.  A exigência de gravar duas músicas por mês não foi cumprida e Caymmi foi demitido por compor pouco, devagar.

A música João Valentão levou anos para ficar pronta. Os últimos versos levaram 9 anos para serem compostos.  Mas Caymmi compôs Maracangalha em 15 minutos.

- "É verdade que Caymmi compôs pouco mais de cem músicas, mas todas são obras primas. Quem é o compositor que pode se  dar  a esse luxo? Eu queria ser um preguiçoso assim", diz Caetano Veloso.

Caymmi casou-se com Stella Maris e teve três filhos  -  Nana, Dori e Danilo.
Para Nana, Caymmi escreveu Acalanto, uma canção de ninar que ela gravou em seu primeiro disco.

Nana defendeu a musica Saveiros,  do irmão Dori em parceria com  Nelson Motta e foi a vencedora da etapa nacional e a segunda colocada na final do I Festival Internacional da Canção, em 1966.

Danilo é o autor da musica Andança,  terceira colocada no III Festival Internacional da Canção em 1968.  Roberto Menescal chama a música de "rainha dos acampamentos, a Joana D'Arc da musica brasileira", pois onde tem uma fogueira e um violão, alguém canta Andança.

Dorival foi morador de Rio das Ostras na década de 1970, recebendo inclusive, o titulo de Cidadão  Riostrense.

Gostava de andar pela praia,  pescar e numa entrevista dada a revista Carta Capital, disse que Rio das Ostras e uma continuação de Copacabana,  bairro do Rio de Janeiro  onde morou até sua morte, em  2008.

Caymmi está eternizado em Itapoan, num busto na Praça Caymmi, e no Rio de Janeiro, numa estátua em tamanho natural no Posto 6, em Copacabana.
A escola de samba Estação Primeira de Mangueira homenageou Caymmi e venceu o carnaval de 1986, com o enredo sobre o cantor.

Além de cantor e compositor, Caymmi também era pintor.  O amor pela pintura foi uma constante em sua vida, tanto que sua mulher Stella ficou preocupada com a extrema dedicação dele pela arte e receava que abandonasse a música pela pintura.

Sua neta Stella, filha de Nana, escreveu O MAR E O TEMPO, uma declaração de amor para o homem que era chamado de "o deus do mar reencarnado"  por Paulo Cesar Pinheiro, pela sua cumplicidade com o mar, presente na maioria de suas canções.



Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 04/05/2012


Ricardo Amaral


Seu nome é sinônimo de festa. Por muitos anos teve o título de “rei da noite” e com um currículo extenso voltado para o entretenimento do Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York e Paris, Ricardo Amaral escreveu o livro RICARDO AMARAL APRESENTA VAUDEVILLE –MEMÓRIAS.
Aos 16 anos, esse paulista de Perdizes, foi colunista social em São Paulo. Sua coluna tinha o nome de Jovem Guarda e serviu para rotular o movimento musical formado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e outros. Foi colunista do jornal Última Hora, de Samuel Wainer. Em 1960, realizou no Teatro Record o I Festival de Bossa Nova.
Em 1962, foi expulso do país por incompatibilidade com o governador de São Paulo, Adhemar de Barros, por citar em sua coluna as escapadas matrimoniais do governador. Tornou-se correspondente do jornal em Roma.
Quando retornou ao Brasil criou a RENTV, empresa que alugava televisores para hotéis, hospitais e depois, para quem quisesse.
Como homem da noite, criou em São Paulo o Hippopotamus, uma boate com filiais no Rio de Janeiro, Salvador e Buenos Aires. A boate fechou em 2001 e hoje em seu lugar está o Baronetti, sob o comando de seus filhos.
Além do Hippo, como era chamado, Ricardo teve várias outras casas de shows – Papagaio, Resumo da Ópera, Trash, Méli Mèlo, Alô Alô, Sucata, Mamão com Açúcar, Sal e Pimenta, Banana Café, CT (com Claude Troigrois) e em Nova York, Club A e Alô Alô.
Em 1965, montou, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, o primeiro drive-in do Brasil, um boliche e o  Drugstore, um bar- restaurante onde se podia tomar chope, jantar, dançar e comprar os últimos lançamentos em discos, sucesso total entre a juventude da época.
No Réveillon em 1981, responsável pela programação do Golden Room do Copacabana Palace fez  a primeira queima de fogos na praia, transformando num dos maiores eventos turísticos da cidade. No mesmo ano, organizou o baile pré carnavalesco no Copa – O Baile das Panteras. Ricardo havia escolhido a ganhadora, uma morena chamada Máira, mas, por interferência da amiga Hildegard Angel, mudou de idéia e deu o título a Xuxa Meneghel. Seis dias depois Xuxa conheceu Pelé.
Em 1991, produziu o camarote da Brahma, no Sambódromo do Rio, onde uma “modelo” foi fotografada sem calcinha ao lado do então presidente da República Itamar Franco.
Montou a maior casa de espetáculos da América Latina, Metropolitan, ao lado do Shopping Via Parque na Barra da Tijuca, hoje Citibank Hall. A capacidade é de 10.000 pessoas.
Participou de inúmeros projetos imobiliários – o shopping DownTown, na Vila Panamericana e trouxe a rede hoteleira Ceasar Park para o Brasil.
Em 2003, em parceira com a rede Sheraton de Hotéis, Ricardo deu início a uma nova fase com um misto de hotel e residência em Macaé, no Norte Fluminense. Os 256 apartamentos foram vendidos em duas horas.
Amaral revitalizou os bailes de carnaval em 2012, em trabalho conjunto com a prefeitura do Rio e trouxe de volta a Feijoada do Amaral, evento que há 35 anos faz parte do calendário da cidade, onde reuniu artistas e personalidades importantes da cidade no Pier Mauá.
Casado com Gisella há 45 anos, pai de Rick e Bernardo, Ricardo escreveu um livro maravilhoso! Bom para recordar os anos de 1970, 1980 e 1990. Cheio de histórias divertidas, com pessoas que fizeram história e contaram a história do país nesse período.









Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 27/04/2012





Leila Diniz


A tese de doutorado de Mirian Goldenberg defendida do Programa de Pós graduação em Antropologia Social da UFRJ transformou-se em livro – TODA MULHER É MEIO LEILA DINIZ.
Segundo Mirian “Leila Diniz foi a mulher que toda mulher gostaria de ser”, pois até hoje é lembrada como uma jovem, e bela mulher que mudou o comportamento de sua época.
Além do livro de Mirian, outros trabalhos foram feitos sobre a mulher que, na época da ditadura militar, nos “anos de chumbo”, numa entrevista para o jornal O Pasquim, em 1969, com frases cheias de palavrões, deu a desculpa para o governo instituir a censura prévia (não seria mais tolerado na imprensa nacional “exteriorizações contrárias à moral e aos costumes”), através do decreto lei 1077, que ficou conhecido como Decreto Leila Diniz.
Joaquim Ferreira dos Santos, colunista de O Globo, escreveu LEILA DINIZ – UMA REVOLUÇÃO NA PRAIA.
Rita Lee fez letra e música de Todas as Mulheres do Mundo. A música tem o mesmo nome do filme de Domingos de Oliveira que tornou Leila a atriz mais famosa do cinema nacional. Domingos de Oliveira viveu com Leila por três anos e o filme foi inspirado na sua vida com a atriz. Ele a dirigiu ainda em “Edu, Coração de Ouro”. Nos dois filmes Leila fazia par com o ator Paulo José.
Por conta da entrevista dada ao jornal O Pasquim (a edição foi a mais vendida da história do jornal), a carreira da atriz declinou. Emissoras de televisão deixaram de contratá-la, alegando razões morais.
A espontaneidade de Leila a colocou na contramão do tempo, a tornando o protótipo da mulher dos dias atuais.
Pela sua postura livre, por desafiar os costumes sociais estabelecidos, Leila passou a incomodar os poderosos do regime militar e a polícia política queria prendê-la por atentado ao pudor.
Nesse período, Leila passou a viver em Petrópolis, na casa do apresentador de televisão Flávio Cavalcante, considerado pelos intelectuais e esquerdistas como reacionário.
Além de ter Leila em sua casa, Flávio a colocou como jurada em seu programa de televisão, que tinha entre outros, Danuza Leão.
Findado o período de perseguição, Leila estreia como vedete principal em “Tem Banana na Banda”, uma revista com textos de Millôr Fernandes, Oduvaldo Viana Filho, Luis Carlos Maciel e José Wilker.
Com o sucesso da revista, Leila recebeu das mãos de Virginia Lane, considerada a maior vedete do Brasil, o título de rainha das vedetes e foi eleita a Madrinha da Banda de Ipanema.
Em 1971, Leila teve sua filha, Janaína, com o cineasta Ruy Guerra.
Nesse período Leila escandalizou a sociedade ao ser fotografada de biquíni, grávida de oito meses e nua, mostrando a barriga. Outras atrizes também foram fotografadas grávidas e nuas, mas a reação não foi a mesma que tiveram para com Leila.
Em novembro de 1971 nasceu Janaína, que recebeu esse nome pela inspiração que o mar dava a Leila.
Leila voltou a incomodar o governo militar quando se deixou fotografar amamentando a filha. Nos dias de hoje, o governo faz campanha de amamentação e fotos semelhantes são bastante comuns.
Em junho de 1972, Leila participou do Festival de Cinema da Austrália e recebeu o prêmio de melhor atriz pelo trabalho no filme “Mãos Vazias”, de Luiz Carlos Lacerda. Também é de Luiz Carlos Lacerda o livro e o filme Leila para sempre Diniz.
Por saudades da filha, Leila retornou ao Brasil antes do previsto e o avião em que viajava explodiu em Nova Déli.
Ao saber da morte de Leila, Taiguara escreveu “Memória Livre de Leila”, uma canção em homenagem à amiga que foi gravada pela cantora Claudia.
“Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de 20 anos presas ao tronco de uma especial escravidão”, escreveu Carlos Drummond de Andrade.
Martinho da Vila e Nei Lopes escreveram Leila Diniz, Erasmo Carlos canta Coqueiro Verde, mas a música de Rita Lee mostra que Leila se transformou num mito, num símbolo da liberdade feminina.








Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 20/04/2012


Miguel Falabella


Nascido em 1956, Miguel Falabella é um ser irrequieto.
Desde 1975, quando estreou sob a direção de Maria Clara Machado, sua professora no Tablado, até os dias de hoje, Miguel não parou de trabalhar como produtor, diretor, autor e ator de teatro e televisão,
No teatro, Miguel estreou em 1988, com a peça Sereias da Zona Sul, ao lado de Guilherme Karam. Os dois atores receberam o prêmio Mambembe de melhor ator. Como diretor de teatro, recebeu o prêmio Moliére pela peça Emily, em 1994, e o Mambembe de revelação em direção. Recebeu também o Mambembe de melhor autor pela peça Como Encher um Biquini Selvagem, que foi transformado em filme – Polaróides Urbanas, dirigido por Miguel em 2008.
Escreveu A Partilha, peça que estreou em 1991, ficou 6 anos em cartaz e foi montada em 12 países. Na Argentina, ficou 3 anos em cartaz, e em Portugal recebeu o prêmio Estrela do Mar, um dos mais importantes do país. Em 2001, a peça foi transformada em filme e recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema Brasileiro, em Miami.
Miguel foi apresentador do programa Vídeo Show por 15 anos. Fazia a abertura das matérias, entrevistava convidados, respondia as cartas dos telespectadores e encerrava o programa com a expressão Namastê (o Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você).
Seu primeiro personagem em novelas foi o médico Romeu, em Sol de Verão de Manoel Carlos, em 1982. A novela teve cortes da censura e a morte de Jardel Filho, um dos atores principais afetou o desenrolar da trama.
Outros papéis vieram, mas foi com o personagem Miro, na segunda versão de Selva de Pedra, de Janete Clair em 1986, que Miguel passou a ter maior projeção na televisão.
Dirigiu  a novela Sassaricando, de Silvio de Abreu em 1987.
Em Mico Preto (1990) Miguel fez três personagens ao mesmo tempo. Na minissérie As Noivas de Copacabana (1992), viveu Donato Menezes, um psicopata restaurador de artes, que seduzia e matava mulheres vestidas de noiva. Fez também A Viagem (1994), Cara e Coroa (1995) e Agora é que são elas (2003).
Como autor de novelas estreou em 1996, escrevendo com Maria Carmem Barbosa Salsa e Merengue. A parceria ainda continuou em Sai de Baixo (1996), A Lua me Disse (2005), Toma lá, dá cá (2007) e no livro Queridos Amigos e Outras Peças. Miguel ainda escreveu Negócio da China (2008) e Aquele Beijo (2011).
Miguel também circulou pelo carnaval. Desfilou por diversas escolas de samba do Rio e São Paulo e foi carnavalesco da Império da Tijuca no período de 1993 a 1996. Em 1995, a escola foi vice campeã do grupo de acesso, indo para o grupo especial. Em 1997 foi carnavalesco da Acadêmicos da Rocinha.
Foi gestor da rede municipal de teatros do Rio de Janeiro (10 teatros e 6 lonas culturais – a maior do país) a convite do então prefeito, Cesar Maia, em 2003.
Em 2007, Miguel abriu seu próprio teatro, no Norteshopping, zona norte do Rio.
Miguel lançou o livro Vivendo em Voz Alta em 2011, uma coletânea de crônicas escritas para o jornal O Globo e para a revista Isto É.  A orelha do livro, escrita pela amiga Maria Carmem Barbosa  diz “ler Falabella é tão bom quanto viver um pouco ao seu lado”. Isso nos dá vontade de ler as crônicas e as frases de efeito, escritas por Miguel, tais quais as frases ditas por ele nos capítulos da novela Aquele Beijo, que tem seu capítulo final em 13/04/2012. 



Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 13/04/2012


Mario Lago


Faz parte da comemoração do centenário de MARIO LAGO, iniciado em 26 de novembro de 2011, a exposição LAGO EU SOU - MARIO LAGO, Um Homem do Século XX, no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
Ator, compositor, escritor, militante político, teatrólogo e radialista, Mario Lago nasceu na Lapa. Estudante do Colégio Pedro II testemunhou a entrada de mulheres na instituição, uma professora e uma aluna, e foi onde começou sua militância política, liderou uma trincheira contra o uso obrigatório da caneta.
Aos 15 anos publicou seu primeiro poema, Revelação, na revista Fon Fon.
Formou-se em Direito no mesmo ano em que se tornou autor teatral.
No final da década de 1930, Mario Lago escreveu o roteiro e o argumento do filme “Banana da Terra”, que apresentou Carmen Miranda cantando “O que é que a baiana tem?” de autoria de um então desconhecido Dorival Caymmi. O sucesso foi tão grande que meses depois Carmen partiu para Hollywood.
Mario Lago conheceu sua mulher, Zeli, num comício do Partido Comunista. Seu casamento durou 50 anos e com a morte de Zeli em 1977, Mario dizia que “à noite, a minha cama parece um Maracanã vazio.”
Foram muitos os parceiros musicais que Mario teve ao longo da vida, Ataulfo Alves, Custódio Mesquita, Newton Teixeira, Benedito Lacerda, Almirante, João Nogueira, Elton Medeiros e outros. Mas o maior sucesso foi uma parceria com Ataulfo Alves, “Ai que saudades de Amélia”. Na mesma época outros sucessos de Mario emplacaram, Nada Além, Aurora e Atire a Primeira Pedra. Amélia virou um verbete, tornou-se sinônimo de mulher submissa, resignada e adepta aos trabalhos do lar.
Mario foi ator e roteirista na Rádio Nacional, escreveu sua primeira rádio novela para a Rádio Mayrink Veiga e na mesma época estreou no cinema com o filme “O Homem que chutou a consciência”.
Mario comemorou 80 anos de idade no palco, criador e protagonista do show que reunia suas músicas e muitas histórias, “Causos e Canções de Mario Lago”, dirigido pelo filho caçula e xará, que também é o curador da exposição comemorativa do seu centenário.
O grande público conheceu Mario Lago através das novelas e minisséries que participou na Rede Globo. Em duas delas, viveu o mesmo personagem, Dr. Molina, em Barriga de Aluguel e em O Clone, onde fez uma participação seis meses antes de sua morte.
Autor de vários livros, em NA ROLANÇA DO TEMPO, uma espécie de biografia, Mario relata várias épocas da vida carioca.
Em dezembro de 2001, no Programa Domingão do Faustão, Mario recebeu uma homenagem especial por sua carreira e o troféu entregue anualmente aos grandes nomes da teledramaturgia recebeu, a partir daí, o nome de Troféu Mario Lago.
Recebeu o nome de Prêmio Mario Lago o 7º Concurso Nacional de Marchinhas de Carnaval da Fundição Progresso,  em 2012. Esse concurso tem  a honra  de homenagear personagens ilustres do carnaval brasileiro.
Mario Lago morreu aos 90 anos, em maio de 2002, seu velório, no saguão do Teatro João Caetano,  foi em ritmo de festa como ele desejava, com roda de samba e cerveja.
Mario dizia “fiz um acordo com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele”, com a confiança de quem chegaria aos 100 anos.






Publicado no jornal O Debate em 06/04/2012

                    


                        



Raul Seixas


A estreia nacional de “RAUL – O início, o fim e o meio” em 23/03, documentário de Walter Carvalho mostra, em duas horas, a história do fundador do rock brasileiro em diversas nuances.
Com quase 400 horas de material e 94 entrevistas no Brasil e no exterior, o filme, já premiado em duas categorias (melhor documentário brasileiro e melhor documentário pelo voto popular) na 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, apresentado pela primeira vez no encerramento do Festival do Rio em 2011, tem repercutido fortemente por onde passa em cartaz.  Raul é mostrado como nunca foi visto pelo público, não só o grande roqueiro, mas o homem que existia atrás do mito.
Entre os artistas brasileiros que já morreram, Raul é o campeão de vendas. Fãs de todas as gerações compram 300 mil discos dele por ano.
Parceiro de Raul Seixas em vários sucessos - Al Capone, A Maçã, Eu também vou reclamar, Como vovó já dizia, Tente outra vez, Gita, Sociedade Alternativa, Medo da Chuva, Eu nasci há dez mil anos atrás, Paulo Coelho, escritor que mais vende livros no mundo, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2002, foi nomeado Mensageiro da Paz pela ONU em 2007, e sua entrevista para o filme durou cerca de 2 horas. Durante a entrevista, uma mosca apareceu na sala. “Que estranho! Aqui em Genebra não tem mosca” disse Paulo, dando a entender que o inseto poderia ser Raul, autor da música “Mosca na Sopa”. “Não vou matá-la, porque...sabe,  né?”
CURIOSIDADES
Em 1967, Raul Seixas e Os Panteras, trio que o acompanhava no início da carreira (o vinil que lançaram há 45 anos está valendo R$ 5.000,00), chegaram ao Rio e, por falta de dinheiro, não conseguiram retirar os instrumentos que tinham embarcado antes, no Aeroporto Santos Dumont.
A casa onde o grupo ficou hospedado na Urca era perto da extinta TV Tupi, onde Chico Anysio tinha um programa. Raul e Chico se conheciam de apresentações que o humorista tinha feito na Bahia. O grupo foi bem recebido por Chico, que arranjou um jeito de encaixá-los em seu programa e adiantou o cachê para a retirada dos instrumentos, para que a apresentação fosse realizada.
Chico era conhecido pela força dada aos colegas menos afortunados, contratando-os para participarem de seus programas, principalmente a “Escolinha do Professor Raimundo”.
Chico Anysio foi o primeiro a ser entrevistado para o documentário e sua morte  se deu no  dia em que o filme chegou aos cinemas.


Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 30/03/2012



Por Favor, Cuide da Mamãe


Não importa o país, não importa a cultura, não importa a época, o sentimento do ser humano é igual em qualquer situação.
Pode-se viver em algum país onde se é permitido ir e vir livremente ou num país onde o homem tem uma posição superior, onde a mulher é submissa e só existe para ser a mãe, a dona de casa, a que obedece ao seu amo e senhor, mas os sentimentos existem, independente das ordens e valores de cada lugar, os sentimentos são universais.
Kyung-sook Shin, uma escritora sul coreana, que teve seu livro publicado no Brasil recentemente, descreve uma situação que pode acontecer em qualquer lugar do mundo. POR FAVOR, CUIDE DA MAMÃE lançou a escritora internacionalmente e foi publicado em 32 países. Foi o primeiro livro sul coreano a entrar na lista dos mais vendidos do New York Times com 1,5 milhão de livros vendidos antes da tradução para o inglês e entrou na lista de livros do Clube de Leitura de Oprah Winfrey e ganhou o prêmio Man Asian Literary Prize  essa semana.
Shin é a primeira mulher a vencer o Man Asian Literary Prize, e também é a estreia de um autor sul coreano na premiação,  que está em sua 5ª edição e dá ao vencedor um prêmio no valor de US$ 30 mil.
O livro conta a história de Park So-nyo, uma mulher que passou a vida no interior da Coréia do Sul e que se perde do marido numa estação de metrô quando chega a Seul para visitar os filhos.
A partir daí, a busca desesperada pela mãe, os conflitos que ocorrem entre familiares e as verdades ocultas, sentimentos e mágoas do passado são expostas de uma maneira onde o leitor se vê, muitas vezes, nas situações vividas pelos personagens do livro, pessoas bem diferentes e distantes do seu meio.
A culpa e o remorso são contados do ponto de vista da filha mais nova, uma escritora de sucesso que nunca leu seus livros para a mãe que é analfabeta e que a filha nunca percebeu isso.
É a história de uma mulher que, em algum momento de sua vida, deixou de ser Park-So-nyo para ser apenas Mamãe.
Por Favor, Cuide da Mamãe é recomendado para que possamos repensar situações em que vivemos e que só pensamos no assunto depois que algo ruim aconteceu. Momentos em que pensamos: “Eu não devia ter feito isso”.











Canto da Leitura
Promoção da Semana
Biografias de Raul Seixas, John Lennon, Dalai Lama, The Beatles, Fred Mercury, Marilyn Monroe, Caio Fernando Abreu, Getúlio Vargas, Albert Einstein, Ayrton Senna e dezenas de títulos imperdíveis!


Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 23/03/2012

Dez! Nota Dez!


Dez! Nota Dez! O criador do bordão que faz o sambódromo do Rio de Janeiro vibrar na quarta feira de cinzas na apuração do desfile do Grupo Especial das escolas de samba é uma figura que descobriu talentos, escreveu sucessos e criou muita polêmica.
Natural de Cachoeiro do Itapemirim Carlos Imperial foi agitador cultural, descobridor de talentos (Roberto Carlos, Wilson Simonal, Elis Regina e outros), autor de vários sucessos que são cantados até hoje em todo o país, jurado de programa de auditório, apresentador de TV, produtor teatral, colunista de jornal e revistas, ator de cinema e político.
Casou-se com Rose Gracie e teve dois filhos, Marco Antonio e Maria Luiza. Mas por sua vida, passaram muitas outras mulheres. O propósito de Imperial era chegar ao patamar do Rei Salomão, que dizem ter tido 700 esposas e 300 concubinas.
O “rei da pilantragem”, como se auto denominou, combinava brigas com amigos e usava de artifícios para estar sempre em evidência  na mídia, mas era considerado uma pessoa dócil, educada e prestativa pelos familiares e amigos.
Preferia as vaias aos aplausos tanto que, no dia da eliminatória do Festival Internacional da Canção, em 1966, quando Guilherme Lamounier subiu ao palco para defender “Conquistando e Conquistado”, música de Imperial em parceria  com Ibrahim Sued, não conseguiu cantar devido as vaias dirigidas ao autor, que se posicionou no palco usando uma fantasia de índio emprestada  pelo bloco Cacique de Ramos. O grande vencedor do FIC foi Tony Tornado com a música BR-3.
Por causa de um cartão de natal debochado, Imperial ficou preso por 23 dias na Ilha Grande, acusado de crime contra os costumes, mas era intenção do Secretário de Segurança da época, General Luis de França, enquadrá-lo no AI-5.
Durante o período em que esteve preso, Imperial usufruiu da companhia da cúpula do jogo do bicho, que compartilhou com ele todas as mordomias e passava os dias compondo, na praia e jogando dominó.
Pela amizade cultivada com Natal, presidente de honra da Portela, nos dias em que esteve na Ilha Grande, Imperial escolheu o samba “Lendas e Mistérios da Amazônia”, contrariando a tradição da escola cujo samba era escolhido na quadra causando mais uma confusão entre seus integrantes que foram contra a decisão individual, e Imperial. Tendo Clóvis Bornay, amigo de Imperial, como carnavalesco, a escola foi a grande vencedora do carnaval de 1970.
Imperial adorava futebol, foi vice presidente  de futebol do Olaria Atlético Clube, levando o time a disputar em 1981, o campeonato com os clubes da 1ª divisão. Seu time do coração, o Botafogo, também teve Imperial como vice presidente.
Em 1982, Imperial foi o vereador mais votado colaborando para eleger Leonel Brizola governador do Rio de Janeiro pelo PDT.
Chamou-se “Projeto Imperial” o processo radical de rejuvenescimento que Imperial resolveu passar em 1992. Por conta de uma doença auto imune, ao tomar um remédio contra indicado nas duas cirurgias que fez, ficou com a saúde debilitada, o que acabou causando sua morte no dia 04 de novembro de 1992.
Nesse dia, no Estádio Caio Martins, em Niterói, jogaram Botafogo e Olaria. Foi feito um minuto de silêncio em homenagem a Imperial, mas é bem provável que o rei da pilantragem preferisse uma  grandiosa vaia.




Publicado no jornal O Debate  - Rio das Ostras em 16/03/2012

Elis Regina


Elis Regina de Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre – RS em 1945, e é considerada a melhor voz feminina da música brasileira.
Em dezembro de 1975, Elis estreou o show Falso Brilhante no Teatro Bandeirantes em São Paulo. Os 1200 lugares do teatro foram disputados no cambio negro até pelo triplo do valor do ingresso. Como há muito não se via, o show foi apoteótico na MPB e durou 14 meses.
Nesse mesmo teatro, no dia 20 de janeiro de 1982, aconteceu o velório de Elis. A comoção popular foi grande, só dois artistas tinham provocado tal reação: Chico Alves e Carmem Miranda.
A causa mortis de Elis no laudo do IML foi intoxicação provocada por ingestão de bebida alcoólica e cocaína. Amigos e parentes ficaram surpresos e insistiram que a cantora não usava drogas.
O medico Harry Shibata era diretor do IML na época e, em 1975, havia assinado o laudo sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog, declarando-o suicida sem examinar o corpo que lhe foi encaminhado pelo II Exército que comandava o DOI-Codi, onde Herzog morreu. Samuel MacDowell de Figueiredo conseguiu provar que a União era responsável pela morte do jornalista. Samuel era namorado de Elis na época da morte da cantora.
O cartunista Henfil que trabalhava n’O Pasquim “enterrou” Elis no Cemitério dos Mortos Vivos do Cabôco Mamadô, onde já estavam Clarice Lispector, Wilson Simonal, Amaral Neto e Flavio Cavalcanti.
O “enterro” se deu por uma gravação  para a TV , onde uma chamada para cantar o Hino Nacional no dia 07 de setembro de 1972 era feita por diversos artistas e pela apresentação na Olimpíada da Semana do Exército. Segundo Ronaldo Bôscoli, seu ex marido, Elis foi obrigada a cantar sob ameaça de prisão. Ela havia dito na Holanda que o Brasil era governado por “gorilas”
As pazes com Henfil foram feitas anos depois.
João Bosco e Aldir Blanc criaram o “hino da anistia” -  a música O Bêbado e a Equilibrista, grande sucesso de Elis , foi cantada no aeroporto por todos que foram receber o sociólogo Betinho (irmão de Henfil) no dia que retornou ao Brasil de onde fugiu para não ser assassinado pelos órgãos de segurança.
Elis teve três filhos: João Marcelo,  Pedro e Maria Rita.
E Maria Rita disse:
 Um dia eu vou cantar suas músicas...um dia.
E esse dia chegou!
A partir de 17 de março, Maria Rita fará cinco shows gratuitos onde cantará as músicas de Elis. Os shows serão em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. Os shows fazem parte do projeto Viva Elis, em homenagem aos 30 anos de sua morte, produzido por João Marcelo, seu irmão e Maria Rita se apresentará com Pedro.
O projeto terá exposição multimídia itinerante, documentário sobre a vida e a obra da artista e um livro que contará sua trajetória.
Elis teve sua história de vida conta e citada em vários livros:
Noites Tropicais – Nelson Motta
Por que Elis Regina não morreu de overdose – Ursulino Isidoro (livro psicografado por Reynaldo Leyte)
Furacão Elis – Regina Echeverria (4ª edição lançada em 2012, pela Leya)


Publicado no jornal O Debate Rio das Ostras em 02/03/2012



                                   

Jorge Amado


Mais um grande escritor brasileiro tem seu centenário comemorado em 2012. Nascido em Itabuna – BA, Jorge Amado teve seus livros publicados em cinqüenta e cinco países, é o segundo autor mais lido da literatura brasileira e um dos maiores nomes da literatura mundial.
Publicou seu primeiro livro em 1931, O PAÍS DO CARNAVAL, ano que entrou para a Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro como um dos primeiros colocados. Formou-se em 1934, porém nunca exerceu a profissão.

Em 1937, ao voltar de uma viagem ao exterior, foi preso pela segunda vez (a primeira, foi em 1936, acusado de participar da Intentona Comunista) e teve 1694 exemplares de O PAÍS DO CARNAVAL, CACAU, SUOR, JUBIABÁ, MAR MORTO e CAPITÃES DE AREIA queimados em plena Salvador, por determinação da Sexta Região Militar.
Foi eleito deputado federal em 1945 pelo PCB, mesmo ano da sua união com Zélia Gattai, casando-se oficialmente com ela em 1978, numa cerimônia na casa do pintor Calasans Neto, em Itapuã. É de sua autoria a emenda que garante a liberdade religiosa, transformada em lei e a emenda que garante os direitos autorais.

Teve seu mandato cassado em 1948, e seus livros considerados “material subversivo”. O escritor parte em exílio voluntário para Paris de onde foi expulso pelo governo francês por motivos políticos em 1950.

O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ foi escrito em 1948, para ser um presente de primeiro aniversário para o filho João Jorge, porém, em 1976, o livro foi publicado com ilustrações de Carybé.

Quando escreveu GABRIELA CRAVO E CANELA em 1958, Jorge Amado estava em Petrópolis e em duas semanas o livro vendeu vinte mil exemplares. No ano seguinte ultrapassou a casa dos cem mil exemplares vendidos.

Em 1959, recebeu um dos mais altos títulos do candomblé do Axé Opô Afonjá – OBÁ OROLU. Também receberam tal distinção Dorival Caymmi e Carybé.
Promoveu em 1960, num shopping em Copacabana o Festival do Escritor Brasileiro, na condição de vice-presidente da União Brasileira de Escritores e a data do evento – 25de julho, foi consagrada por decreto governamental como o Dia do Escritor.

Foi eleito por unanimidade em primeira votação para a Academia Brasileira de Letras em 1961, ocupando a cadeira 23 que após sua morte foi ocupada por Zélia Gattai.

Em 1994, sua obra foi reconhecida com o Prêmio Camões, o Nobel da Língua Portuguesa.

Em 06 de agosto de 2001, o escritor faleceu e suas cinzas foram espalhadas em torno da mangueira no jardim de sua casa no Rio Vermelho.

Jorge Amado foi o escritor que mais teve a obra adaptada para cinema e TV – Tieta do Agreste, Tereza Batista, Capitães de Areia, Os Pastores da Noite, Terras do Sem Fim e outros.




Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 24/02/2012

Danuza Leão


“É tudo tão simples”. É  assim que Danuza Leão se define no escrever e na vida. Nada melhor que sentar com um amigo e conversar sobre as histórias vividas, misturando reflexões profundas com banalidades, na maneira pessoal de ver o mundo.
Vinte anos depois do best-seller NA SALA COM DANUZA, o mundo mudou e ela também. A única coisa que não mudou e que nunca sai de moda é a educação e apesar das mudanças ocorridas nas classes sociais, ela diz que para ser educado não é preciso ser rico.
Seu primeiro livro foi primeiro lugar em vendagem por mais de um ano e teve uma edição revista – NA SALA COM DANUZA 2.  Depois vieram outros – DANUZA TODO DIA, AS APARÊNCIAS ENGANAM, CRÔNICAS PAR GUARDAR, que também foram recordes de venda.
Em QUASE TUDO, Danuza escreve suas memórias, onde relembra que a menina nascida em Itaguaçú – ES, que mudou para o Rio de Janeiro com os pais e a irmã, Nara Leão, aos dez anos de idade, foi a primeira modelo brasileira a desfilar no exterior. Foi freqüentadora da casa do pintor Di Cavalcanti, casou-se com um importante dono de jornal – Samuel Wainer, teve três filhos e separou-se para viver um grande amor com um cronista e compositor pobre – Antonio Maria.
Aos quarenta anos foi capa da revista VEJA com o título A Grande Dama da Noite, por seu trabalho à frente das boates Reginé’s e Hippopotamus.
Danuza foi dona de boutique, jurada de programa de auditório, relações públicas, entrevistadora de TV, produtora de novelas, cronista social e atualmente escreve uma coluna semanal para o jornal Folha de São Paulo.
Seus livros FAZENDO AS MALAS e DE MALAS PRONTAS são roteiros de viagens fabulosos e fornecem um guia de lugares que merecem ser visitados em diversas cidades modernas e elegantes do mundo.
É TUDO TÃO SIMPLES, título de seu último livro,  está há treze semanas na lista dos mais vendidos e hoje, Danuza vive num apartamento com seus três gatos, de frente para o mar de Ipanema e caminha na praia as sete horas da manhã, pois, segundo ela, é o horário ideal para evitar multidões.



Sugestão para ler no Carnaval:
Trilogia Milleniun – Os Homens que não Amavam as Mulheres/A Menina que Brincava com Fogo/A Rainha do Castelo de Ar
A Soma e o Resto – Fernando Henrique Cardoso
Chico Buarque:Para Seguir Minha Jornada – Regina Zappa
A Visita Cruel do Tempo - Jennifer Egan

Publicado no jornal O Debate - Rio das Ostras em 17/02/2012