A história e
a geografia da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX é contada no
livro de Alberto Mussa, O SENHOR DO LADO ESQUERDO, O Romance da Casa das
Trocas.
O livro
recebeu o Prêmio de Melhor Livro de Ficção publicado em 2011, pela Academia Brasileira
de Letras e o Prêmio Machado de Assis 2011, da Biblioteca Nacional na categoria
romance.
Misturando
fatos reais com ficção, erotismo e crime, a proposta do autor foi criar um
romance/novela policial contado através dos crimes que aconteceram, cada um
deles num século na cidade do Rio de Janeiro, e, a partir daí, surge a história
que resultou no livro, desenvolvido pela natureza imaginativa do autor.
“O que
define uma cidade é a história dos seus crimes”. Partindo daí, o autor percorre
o Rio de Janeiro, do século XV ao século XX, descrevendo diversos crimes que
antecederam ao crime da Casa das Trocas, local onde foi a residência da
Marquesa de Santos, no bairro de São Cristovão, e onde hoje abriga o Museu do
Primeiro Reinado.
A Casa, que
foi propriedade do Barão de Mauá, foi cedida ao médico alemão Miroslav Zmuda,
que a transformou numa clínica e num prostíbulo, freqüentado por gente
importante, mantida com discrição e protegida pelas autoridades.
Foi nesse
local que o secretário da presidência da república do governo Hermes da Fonseca
foi encontrado morto após um encontro amoroso, e é a partir daí que vários
crimes antecedentes são contados até a elucidação do crime principal, todos
envolvendo a sexualidade humana e muito humor.
O narrador
está presente no texto dando uma verdadeira aula de história. Ao falar das
origens da capoeira, das tradições indígenas e africanas, dos primeiros
colonizadores da cidade, portugueses, negros e índios, de tesouros escondidos e
nunca encontrados, ele cria um compêndio mitológico da cidade.
Alberto
Mussa é carioca, tem 51 anos e é avaliado pela crítica literária como um dos
autores mais inventivos e singulares da atual geração. Tem sua obra publicada
em dez países e traduzida para o inglês, francês, espanhol, italiano, turco,
árabe e romeno, e vem sendo estudada em diversas universidades na Europa.
Alberto já
recebeu os prêmios Casa de Las Americas e duas vezes o prêmio da Associação
Paulista de Críticos de Arte, com os livros O Enigma de Qaf e O Movimento
Pendular, e nos dá o seguinte conselho:
“Nunca leia por hábito: um livro não é uma
escova de dentes. Leia por vício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de viver vidas
múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia a compreensão
do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos, aprimora a capacidade
de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminui a ansiedade, aumenta a
libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmente inútil, como devem ser as
coisas que nos dão prazer”
Publicado no jornal O Debate Rio das Ostras em 22/06/2012